Utilizei o trem e o metrô em São Paulo outra vez. Muitas coisas têm acontecido desde então. Logo que cheguei, recebi a notícia sobre a greve nas estações. Um jeito paulista de me dar as boas-vindas? Talvez.
Ainda sim, decidi sair de casa naquele mesmo dia e enfrentar o sol quente. Peguei o trem sentido Grajaú. Tenho medo de sair de casa com o meu Kindle, confesso. Está longe de ser um "objetivo de valor" para os outros, porém para mim é. Antes de vir ao Brasil, as pessoas te dizem muitas coisas sobre a violência. Há alerta por todos os lados e eu não quis arriscá-lo. Então recorri a um livro físico, da querida Martha Medeiros, se chama "Um lugar na janela", e muito antes do TikTok e dos vídeos curtos, escrevia crônicas sobre suas viagens pelo mundo. Sem ver os acontecimentos relatados por ela, é preciso imaginar.
Ao chegar em Pinheiros, olhei pela janela e imediatamente pude sentir a nostalgia, misturada aos odores do Rio Tietê. Dessa vez, havia árvores em volta do rio, cobrindo sua cor que estava longe de ser azul ou esverdeado. Segui andando junto com a multidão, tão São Paulo isso. De longe, avistei um prédio. Lá, costumava situar-se o edifício da Editora Abril, que durante muitos anos, representou um império do jornalismo. Eu, estudante na época do golden times, sonhava em fazer carreira ali. Hoje, o prédio ainda existe, mas a editora não mais. Me pergunto se a companhia mudou de lugar. Pois bem, eu mudei de lugar.
Nunca aconteceu de eu conhecer o prédio por dentro. Só me lembro de, do outro lado da rua, avistar as luzes acesas tarde da noite. Seria o fechamento? Sem o famoso "QI", cursos renomados e tal, ficava difícil ser chamada até para uma entrevista que fosse. Nunca rolou. De qualquer coisa, trabalhei em outras editoras, viagens a muitos países, escrevi em blogs e sites, fui, voltei, fui de novo, aprendi e continuo aprendendo idiomas e tantas outras coisas. O tempo passa, algumas coisas permanecem, mas a maioria muda. O tempo passa, e de um jeito estranho, isso é bom!
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