Carolina nunca entendeu direito a mãe. Nunca conversaram sobre questões existenciais. Não recebeu conselhos de como lidar com o coração partido, não aprendeu a negociar salários mais altos. Tinham medo de que, por causa disso, virasse uma figura ofuscada, uma carta fora do baralho, uma mulher que nunca viveu os próprios sonhos, porque não soube como fazer isso. Sua mãe, apesar de nunca ter esclarecido seus anseios, estava sempre ali. Dava presente nas datas comemorativas. Reforçava que existiam pastas de dentes melhores do que a Colgate. Ligava. Ligava até demais. Antecipava os riscos, se preocupava. Sobretudo, mesmo com todos os medos, apoiava. E foi aí que Carolina entendeu. As questões existenciais, os flertes com os garotos, a busca por salários melhores… nada disso foi ensinado nem a ela, nem à sua mãe. Nada disso foi ensinado a ninguém. Pois só o que se pode ensinar é amar, cuidar e seguir o seu próprio caminho. O que aprendemos no caminho é consequência.
Às vezes, parece que tudo já foi feito E não há espaço para criar Por outro lado, há muitos sonhos Que ainda quero realizar Aos que já realizei, peço licença Para que os mais novos possam passar Risco, dou check, encerro o ciclo, Ou como você preferir chamar. Assim como nos relacionamentos, e nas amizades, A modernidade é assim: Passa um sonho, vem outro, Com a promessa de nos completar. Em meio a tudo isso, pergunto-me, “Ainda vale a pena sonhar? Ou se é só mais um modo de nos limitar?” Os tempos já foram melhores, E a inflação, menor Há quem ainda saiba como sonhar Ainda queria viajar Ainda tenha anseio de criar Ainda? Mas, ainda não dá. Então, bota aí na sua lista. Mas tem que dar um “check” Antes do ano acabar. Créditos: https://www.pinterest.ie/pin/3518505952650342/

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