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Ela disse adeus

Nunca aprendemos a dizer adeus. A palavra, algumas vezes, soa até ofensiva. Dizer "adeus" é como renunciar, dizer que perdeu o jogo, se render.

Mesmo quando já não há mais compatibilidade de valores com o namorado, quando o emprego parece não ir para frente, quando as brigas familiares se tornam frequentes, quando chorar vira rotina: tudo é mais aceitável do que dizer adeus.

Por que quem garante o que tem atrás da porta do adeus? Mais problemas? Mais namorados que não sabem o que querem da vida? Mais familiares difíceis de lidar? Mais empregos ruins? Mais dias de angústia? Para isso, não. Muitos preferem ficar onde estão.

Dizer "tchau" não carrega o peso da existência. "Tchau" não exige explicações. Deixa as coisas em aberto, não coloca ponto final.

Enquanto isso, quem diz adeus precisa ir de uma vez só. A eles, não vale mudar de opinião, rever os fatos. Resta apenas aceitar e carregar o peso da escolha.

No entanto, não pense que no mundo inteiro é assim. Para os espanhóis, o "Adeus" é como dizer tchau, uma palavra muito mais tolerável. 

Eles dizem adeus depois do cafezinho. Dizem adeus ao vendedor da loja. Dizem adeus como quem diz "Buenos dias". Dizem Adeus no fim do dia, e retornam na manhã seguinte. 

A cada palavra, cabe o peso que damos a ela. Às vezes, o peso do adeus é sim necessário e precisamos lidar com o fim. No entanto, se será mesmo o fim, só cabe ao tempo dizer.





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