Pular para o conteúdo principal

Simples assim

Madrid tem me ensinado muito a cada dia. São coisas simples, mas sejamos honestos: o que é verdadeiramente simples nos dias de hoje? Rola aquela insegurança ao sair de casa, um ritual que inclui máscara, luvas e álcool em gel. Insegurança ao entrar no metrô, ao tocar a superfície. Nos cumprimentos entre os amigos, agora, só utiliza-se os cotovelos (dessa parte eu confesso que gostei, nunca fui fã de beijinhos). Novo normal. Como ainda sim ver a beleza das coisas simples? 

Ir com mais calma. Apreciar o pão de manhã com azeite, tomate e sal a gosto. Dizer "Não" àquele docinho, porque já comeu muitos. Dias em que à luz do sol permanece até as 22h, e você já dormiu e acordou pelo menos duas vezes. Ir quase todos os dias no parque. Dá para ir a pé, quer mais simplicidade do que isso?


Cercada pela a falta de regalias, entendi que há certas metas que eu nem sei se um dia quis realizar, mas repetia e cobrava a mim mesma. Ter um trabalho importantíssimo que mude o mundo todos os dias. Ter mais de um trabalho. Viver intensamente o presente, mas já sabendo todas as alternativas do futuro em mãos. Avaliar como alguém poderia mudar a própria vida e, ainda que não pergunte nada a você, enviar um plano ação detalhado em anexo por email. Afinal, não basta eu querer viver intensamente 24h por dia. Todos também precisam fazer o mesmo, porque não?

Culpava a falta de tempo. Agora, com mais tempo, tenho aprendido a dizer "Adeus" a algumas coisas e abraçado hobbies mais serenos. Simples assim. 



https://pin.it/3xbauk4
Pinterest: https://pin.it/3xbauk4

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Check ☑️

Às vezes, parece que tudo já foi feito  E não há espaço para criar Por outro lado, há muitos sonhos Que ainda quero realizar Aos que já realizei, peço licença Para que os mais novos possam passar Risco, dou check, encerro o ciclo, Ou como você preferir chamar. Assim como  nos relacionamentos,  e nas amizades,  A modernidade é assim: Passa um sonho, vem outro,  Com a promessa de nos completar. Em meio a tudo isso, pergunto-me,  “Ainda vale a pena sonhar? Ou se é só mais um modo de nos limitar?” Os tempos já foram melhores, E a inflação, menor Há quem ainda saiba como sonhar Ainda queria viajar Ainda tenha anseio de criar Ainda? Mas, ainda não dá. Então, bota aí na sua lista. Mas tem que dar um “check”  Antes do ano acabar. Créditos: https://www.pinterest.ie/pin/3518505952650342/

Faculdades mentais

Não há loucura maior do que  Querer se encaixar Onde já descobrimos que  Não podemos ficar Sei que talvez, Eu nem estivesse tão louca assim, Na primeira vez que enlouqueci. Era como se meu corpo quisesse falar, Ali, eu não poderia mais ficar Depois, enlouquecer passou ser Algo comum Parte de algo maior: me reinventar Um processo de alguém que não queria partir, mas também não poderia mais aguentar Quanto mais e mais eu estudava,  mais eu conhecia as faculdades mentais E aprendi O que eu não esqueceria jamais De próxima vez, Eu já sei E com letras bem grandes, escreverei: A felicidade não é algo para se implorar Faz parte do contrato sentimental Presente no ato de amar.

Quando a conta fecha

Se hoje, Fiquei em casa,  Trabalhei, estudei, poemei Isso conta. Ainda que ninguém tenha visto, Ainda que fora dos padrões estabalecidos, Ainda que falte um ou outro sentido, Conta sim. Ainda que só para mim.